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Ordem e progresso na marca do penalty

A cada quatro anos, a esperança se renova no Brasil. Grandes perspectivas, possibilidades surgem, a confiança aumenta e cria um sentimento de nacionalismo importante para todos. Tal sentimento une, faz lutar, gritar alto e buscar atingir uma meta. E isso não somente relacionado à Copa do Mundo, mas também do pleito eleitoral.

Definitivamente, o povo brasileiro é paradoxal, lutador também, mas paradoxal. Ano após ano, o Brasil sofre, salvo raras exceções, com atentados contra a dignidade, a honra, a imagem e o desenvolvimento. Todavia, a esperança não se perde, continua-se a tentar, insistir e lutar. A cada nova eleição ocorre uma vontade de mudar, entretanto, o que fica são continuidades de atos, muitos deles irresponsáveis, prejudiciais ao povo.

Tomando a esperança como foco, tal conjuntura só é vista em outra situação – distante entre si a cada quatro anos – a Copa do Mundo. No entanto, nisso, futebol, nos orgulhamos e muito. É mister afirmar que renovamos nossa esperança mais uma vez, nesse ano, 2006, mesmo ano do possível hexa, ou seja, há eleição e, concomitantemente, nosso maior orgulho.

Estranho, torna-se, contudo, esse sentimento esperançoso e firme, o qual faz cobrar um Romário ou um ponta e não cobra, efetivamente, plenitude moral e retidão ética. Sim, um país de contrastes, mas, ora, temos tanto amor assim pelo futebol que não sobra espaço para a nação? Seria a política algo dissociado do brasileiro, algo que é considerado não ato benéfico, mas, na verdade, gerador de desconfiança, como um árbitro argentino no final de campeonato?

A Política – bem como o futebol ou a moral – não é um subsistema isolado luhmaniano, que trabalhará de forma autônoma e sem a intromissão humana. O que, sem dúvida, deve pautar a atuação administrativa pública e, ademais, as eleições é a condição real de todos que vivem no mesmo território e sob as mesmas leis. Deve-se aprender a palpitar, discutir, usar a argumentação em prol do desenvolvimento, da diminuição dos índices de desigualdade, da estruturação rodoviária (quem sabe ferroviária), por fim, da luta pela sobreposição da Dignidade Humana sobre as outras coisas, inclusive o capital.

Portanto, vê-se, que nossa renovação de esperanças deve ser acompanhada de uma ampliação das expectativas, de um busca pela melhora na vida das pessoas, seja pelas palavras de Marx ou Rawls seja pelos escritos de Habermas e Arendt, o que deve ocorrer é a vitória do Brasil e de goleada.