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Emerj reúne especialistas para discutir o combate às drogas

A luta contra as drogas começa dentro de casa, prevenindo, e muitas vezes socorrendo jovens vítimas do vício. É com esse objetivo que a Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj) e a Universidade Estácio de Sá realizam na sexta-feira (dia 31 de março), das 9h às 18h, o seminário “A Sociedade e as Drogas”. O evento vai reunir no auditório Antonio Carlos Amorim, na sede da Emerj, especialistas de vários setores.

Divididos em quatro painéis, eles vão se debruçar sobre uma questão que vem se agravando a cada dia e que de março do ano passado a fevereiro deste ano fez o Tribunal de Justiça do Rio receber 12.119 ações. “Trata-se de um problema grave que precisa do esforço de toda a sociedade”, acredita o desembargador Paulo Ventura, diretor da Emerj e organizador do evento. “O objetivo – acrescenta ele – é incentivar as famílias a participar dessa discussão, pois ela é a primeira célula da sociedade, e basta que um drogado apareça dentro de uma família para destruí-la”.

O primeiro painel começará às 9h15 e vai discutir “A droga e o poder da mídia de criar mitos”. Para compor a mesa, foram convidados o procurador de justiça Carlos Roberto de Castro Jatahy, o psicólogo Bernardo Jablonski e o jornalista Octávio Guedes. De acordo com o desembargador Paulo Ventura, o tema foi escolhido por causa da influência dos meios de comunicação, principalmente entre os jovens. “Muitos dos mitos criados pela mídia são usuários de drogas que militam no mundo artístico. E as pessoas não conseguem distinguir uma coisa da outra”, disse.

A partir das 11h, o debate se volta para o painel “A polícia e as drogas”. Participarão o presidente do Instituto Via-Lacter, Vitor Lomba, pai de Pedro Machado Lomba Neto, o Pedro Dom, que comandou uma onda de assaltos a residências na Zona Sul e foi morto pela polícia no ano passado; o advogado Técio Lins e Silva e a juíza do 4º Tribunal do Júri do Rio, Maria Angélica Guimarães Guerra Guedes. O tema promete gerar polêmica. Com a experiência de mais de 30 anos na área criminal, o desembargador Paulo Ventura diz que “a polícia é despreparada, mal paga e truculenta”. Segundo ele, não se combate o tráfico na alta sociedade e a grande maioria dos processos que chegam à Justiça são de bandidos “pés-de-chinelo”.

O Secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira, o defensor público Paulo Ramalho e o juiz da 37ª Vara Criminal, Geraldo Prado, vão conduzir, a partir das 14h, o debate sobre “O sistema carcerário e as drogas”. Em foco estarão a falência do sistema e o tráfico dentro das próprias cadeias.

O quarto e último painel começa às 16h, abordando o tema “A família e as drogas”. A pedagoga Carmem Gilson, diretora da Associação de Famílias e Amigos de Vítimas de Violência, é uma das convidadas. Carmem viveu uma guerra particular para livrar seu filho, Ricardo Iberê Gilson, do vício, mas não conseguiu. Ele acabou morto dentro de um hospital penitenciário do Rio de Janeiro. No mesmo painel, estarão o desembargador do Tribunal de Justiça Siro Darlan e o psicólogo Moisés Grosman.

Contrário à idéia de descriminalização do uso das drogas, o desembargador Paulo Ventura defende um maior rigor da lei, inclusive, contra o consumo de álcool. “Eu equiparo o álcool a uma droga que traz tanto descontrole como a maconha e a cocaína”, defende. O diretor da Emerj também acredita que os usuários de entorpecentes dão uma contribuição tão eficaz para a expansão do tráfico que ele os equipara a traficantes. A solução para o problema, segundo Paulo Ventura, estaria em um maciço investimento do Estado em educação e saúde e na orientação das famílias para o controle da natalidade.

As inscrições para o seminário são gratuitas e podem ser feitas na secretaria da Emerj, na Avenida Erasmo Braga 115 – térreo – Centro. Mais informações pelos telefones 2588-3369/2588-3380.