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Dudu da Rocinha é condenado a 73 anos e 4 meses de prisão

O 1º Tribunal do Júri da Capital condenou nesta quarta-feira (dia 7 de dezembro) o traficante Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu da Rocinha, a 73 anos e quatro meses de prisão em regime fechado. O julgamento durou cerca de 12 horas e foi presidido pelo juiz Fábio Uchôa Montenegro.

Dudu foi julgado por 10 crimes: de formação de quadrilha; de tentativa de homicídio de três policiais; da morte de Wellington da Silva, morador da Rocinha, e de cinco latrocínios – o de Telma Veloso Pinto, que foi consumado, e o de seu marido e mais três sobrinhos que estavam com ela no dia do crime.

Eduíno foi absolvido da tentativa de homicídio de dois dos policiais, tendo sido condenado a seis anos e quatro meses pela tentativa de homicídio do terceiro. Ele foi condenado, ainda, a seis anos de prisão por formação de quadrilha; a 16 anos pelo homicídio de Wellington e a 45 anos pelos cinco crimes de latrocínio.

Os crimes aconteceram no dia 8 de abril de 2004, quando o bando de Dudu tentava invadir a Rocinha. Telma Veloso Pinto, seu marido, Renato Gonzagas Magalhães Gomes e três sobrinhos voltavam de um passeio num shopping da Barra da Tijuca, quando foram surpreendidos por homens armados com fuzis na Avenida Niemeyer. Telma Veloso, que estava ao volante, tentou escapar do cerco e seu carro foi alvejado pelo bando de Dudu. Ela foi atingida com um tiro de fuzil na cabeça. Seu marido foi baleado na altura do pescoço e um dos sobrinhos levou dois tiros, um no braço e outro na perna .

Durante o julgamento, a promotora Patrícia Glioche ressaltou que “a sociedade não agüenta mais essa guerra na Rocinha. Precisamos mostrar que a Justiça está aqui.” Ela também chamou a atenção para o fato de as pessoas temerem testemunhar contra Dudu. Algumas pessoas, no entanto, acusaram o traficante através de cartas anônimas. “Que tráfico é esse que manda e desmanda? Os moradores têm medo. Os traficantes sabem disso e é por isso que impõe o terror”, afirmou.

Uma das provas de acusação foi o testemunho do policial militar Carlos Daniel Ferreira Dias, que participou da operação para prender os traficantes no dia da invasão. Seu relato, porém, foi desmerecido pela defesa por ele usar óculos e estar de lentes de contato no dia do crime. Esse fato, segundo o advogado Maurício Neville, que defendeu o traficante, teria impossibilitado o reconhecimento dos participantes do bando.

Além do policial, também testemunharam no julgamento o marido de Telma, Renato Gonzagas, e a inspetora da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), Marina Magessi, que afirmou estar investigando Dudu através de escutas telefônicas desde que ele saiu da cadeia, há cerca de um ano.

Faltam ainda ser julgados três réus desse processo: Carlos Henrique Fernandes dos Santos, o Pretinho, que seria julgado junto com Dudu, mas teve o julgamento adiado para o dia 1º de fevereiro de 2006; Ailton Francisco da Silva, que está foragido, e Matheus José Alves da Silva, que ainda não tem data de julgamento marcada.

O 1º Tribunal do Júri condenou, no dia 11 de novembro, a um total de 227 anos de reclusão em regime fechado, quatro outros integrantes da quadrilha do traficante: Pedro Arthur de Faria, o D’Oscar, condenado a 84 anos; Alexsandro Santanna da Silva, o Sapo Boi, a 69 anos; Fábio Roberto Santos, o Binho, a 68 anos; e Patrick Salgado Souza Martins, o PT, a 6 anos. Os três primeiros réus foram condenados por homicídio qualificado, tentativa de homicídio, roubo mediante grave ameaça ou violência, além de formação de quadrilha. Patrick Salgado foi condenado apenas pelo crime de formação de quadrilha.