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Diferenças conceituais entre pensamento mítico e pensamento inteligente, no conceito lógico e filosófico.

1.Pensando.2.O que dizem os dicionários.3.Experiência de pensamento.4.Inteligência.5.Inteligência e linguagem.6. Inteligência e pensamento.7. A necessidade do método.8.Pensamento mítico e pensamento lógico / Como o mito funciona.9.Como funciona o pensamento conceitual.

O Pensamento

1. Pensando.

O pensamento já foi visto como: o passeio da alma, por não encontrar barreiras; atividade solitária, abstrata que precisa ser expressa, para ser compartilhada; deliberação de decisão, resultando em uma ação; preocupação, cisma, dúvida; idéia que define algum assunto; concentração; a própria essência da natureza humana.

2. O que dizem os dicionários.

Pensar: 1. aplicar a atividade do espírito aos elementos fornecidos pelo conhecimento; formar e combinar idéias; julgar, refletir, raciocinar, especular; 2. exercer a inteligência; meditar, refletir, raciocinar,especular; 3. exercer o espírito ou atividade consciente de uma maneira global, sentir, querer, refletir; 4. ter uma opinião, convicção; 5. supor, presumir, crer, admitir, suspeitar, achar; 6. esperar, tencionar; 7. preocupar-se; 8. avaliar; 9. cismar.Pensamento|: 1. ato de refletir, meditar ou pensar, ou o processo mental que se concentra em idéias; 2. atividade de conhecimento ou tendo por objeto o conhecimento; 3. consciência, mente, espírito, entendimento, intelecto, razão; 4. poder de formular idéias e conceitos; 5. faculdade de pensar logicamente, raciocínio, ponto de vista, formulação de um juízo; 6. aquilo que é pensado ou o resultado do ato de pensar, idéia, ponto de vista, opinião, juízo; 7. fantasia, sonho, devaneio, lembrança, recordação, cuidado, preocupação, expectativa;8. conjunto das idéias ou doutrinas de um pensador, de uma sociedade, de um grupo, de uma coletividade.

Estas duas palavras originam-se do verbo, do latim, “pendere”, que significa ficar em suspenso,estar ou ficar pendente ou pendurado, suspender, pesar, pagar, examinar, avaliar, ponderar, compensar, recompensar, equilibrar.Pensar (pensare) é suspender o julgamento, pesar, avaliar, ponderar, equilibrar.Os textos filosóficos utilizam:

  • Cogitare: considerar atentamente e meditar;
  • Intelligere: escolher entre, compreender, ler entre, ler dentro de.

    O pensamento é a consciência ou a inteligência que exprime nossa existência como seres racionais, manifestando a capacidade criadora de cada um.

    Alguns exemplos de aplicação, da palavra pensamento são:

  • O que está pensando? (atividade solitária de pensar, refletir);
  • Eu sei em quem está pensando! (pensamento traduzido pela linguagem corporal);
  • Já pensou no que vai fazer? (pensamento como resultante de uma ação);
  • Você pensa tanto que irá comprometer a sua saúde. (pensamento como sinônimo de preocupação);
  • O pensamento do momento é ter ficantes, não namorados. (pensamento relacionado a idéia);
  • Seu rendimento na prova mostra que você não quis pensar. (atenção, concentração, livre arbítrio);
  • “Penso, logo existo”. (pensamento como essência).

    3. Experiência de pensamento.

    Quando pensamos pomos em movimento o que nos vem da percepção, da imaginação, da memória; apreendemos o sentido das palavras; encadeamos e articulamos significações; comparando, separando, analisando, reunindo, ordenando, sintetizando, concluindo, refletindo, decifrando, interpretando, interrogando, sugerido, supondo, deduzindo.

    4. Inteligência.

    Para a psicologia, a inteligência é definida pela sua função, que pode ser:

  • Atividade de adaptação ao ambiente, através das relações entre meios e fins, para solucionar problemas;
  • O instinto, que é inato e automático;
  • O hábito, que é adquirido.

    Ambos são formas de comportamento.

    A inteligência difere do instinto e do hábito pela capacidade de buscar meios de adaptar-se as circunstâncias.

    A inteligência prática é aquela capaz de criar instrumentos e esta é compartilhada com alguns animais como o chipanzé .

    O psicólogo Kohler demonstrou que alguns animais são capazes de ter comportamento inteligente. Os gestalistas explicam que os chipanzés têm atitudes limitadas, se comparados com uma criança, que antecipa a situação , transformando seus dados para criar meio para certos fins, movidas pela curiosidade, enquanto que os chipanzés querem alcançar os seus objetivo básico, somento. A criança lembra do fato passado, espera e se reorganiza, se relacionando com o tempo e transformando seu espaço por essa relação temporal.

    5. Inteligência e linguagem.

    O ser humano é dotado de inteligências práticas, teóricas e abstratas. O exercício destas faz-se inseparável da linguagem, lembrando-se que a linguagem pode ser verbal ou não-verbal.

    Piaget, ao estudar o desenvolvimento infantil, percebeu que as aquisições da linguagem e da inteligência são feitos de forma simultânea e paralela. A inteligência se realiza com conhecimento e ação. O conhecimento inteligente apreende o sentido das palavras interpretando e inventando novos sentidos para as palavras antigas ou criando novas palavras para novos sentidos, enriquecendo assim, o seu vocabulário (estimulado pela curiosidade e necessidade, tendência natural nos seres humanos).

    Através da linguagem compartilhamos, doamos e recebemos conhecimentos.

    6. Inteligência e pensamento.

    A inteligência coleta os dados oferecidos pela percepção, pela imaginação, pela memória, pela linguagem, formando redes de significações com as quais nos organizamos. O pensamento abstrai os dados das condições imediatas de nossas experiências e os elabora sob forma de conceitos, idéias, juízos, estabelecendo articulações internas e necessárias entre eles e o raciocínio, através da indução e da dedução, pela análise e síntese , formulando teorias que deverão ter sua veracidade testada e aprovada..

    O conceito ou a idéia é uma rede de significações, os nexos causais e os efeitos daquilo a que se refere,os quais conhecemos a origem, as conseqüências ou seus efeitos. Assim, ao ver uma flor, imediatamente, concebo a idéia que tenho a respeito do objeto observado.

    Um conjunto de juízos constitui uma teoria, quando:

  • estabelece claramente um campo de objetos e os procedimentos para conhece-los e enuncia-los;
  • organizam e ordenam os conceitos;
  • articulam-se e demonstram-se os juízos, verificando-os através de regras e princípios de racionalidade e demonstração. Teoria é a explicação, descrição e interpretação geral das causas, formas, modalidades e relações de um campo de objetos, conhecidos através de procedimentos específicos e esta é elaborada pelo pensamento, podendo , ou não, nascer de uma prática e ter, ou não ter aplicação prática direta.

    7. A necessidade do método.

    Do grego, methodos (caminho para se alcançar uma meta). O pensamento ordena o caminho por meio de um conjunto de regras e procedimentos racionais, com três finalidades:

  • Conduzir à descoberta;
  • Demonstrar e provar uma verdade conhecida;
  • Verificar a veracidade dos conhecimentos. O método é um instrumento racional para adquirir, demonstrar ou verificar conhecimentos. Platão o considerava que o melhor método para conhecer a verdade era o que permitia ao pensamento libertar-se do conhecimento sensível (mitos, crenças e etc.); Sócrates dizia que os interlocutores deveriam ser guiados por perguntas para poder se ter uma exposição do entendimento de cada uma das partes (método da dialética); Aristóteles considerou a dialética inadequada ao pensamento, por ser composta por idéias contrárias ou contraditórias que poderiam não chegar a uma conclusão comum, considerando que o melhor método seria o dedutivo, por meio do silogismo (conjunto de três juízos ou proposições que permitem obter uma conclusão, por exemple: “Toda criança é ingênua.”, “Joanna é criança.”, “logo, Joanna é ingênua.”)

    “Por método, entendo regras certas e fáceis, graças às quais todos os que as observam exatamente jamais tomarão como verdadeiro aquilo que é falso e chegarão, sem se cansar com esforços inúteis e aumentando progressivamente sua ciência, ao conhecimento verdadeiro de tudo o que lhes é possível esperar”.(Descartes)

    Descartes enunciou três principais características das regras do método:

  • Certas (método da certeza);
  • Fáceis (economiza esforços inúteis);
  • Que permitam alcançar todos os conhecimentos possíveis para o entendimento humano. Francis Bacon achava mais segura aplicar a razão à experiência, ou seja, aplicar o conhecimento lógico aos fatos conhecidos.O método tem um papel regulador do pensamento. Desde Aristóteles,que a filosofia acredita que paralelo aos métodos gerais deveriam existir os métodos particulares, que agiam em conformidade com o objeto estudado. Galileu julgou que o método matemático deveria ser empregado pela filosofia em todos as ciências (mathesis universalis). Ao final do séc XIX, afirmava-se que deveria-se usar o método usado pela ciência da natureza, mas com a fenomenologia de Husserl e com a corrente do pensamento conhecida como estruturalismo, considerou-se que cada campo do conhecimento deve ter seu metido próprio, sendo dedutivo (para objetos idealizados) e indutivos (para as ciências naturais, através de métodos experimentais).As ciências humanas utilizam os métodos de compreensão e interpretação do sentido das ações, das práticas, dos comportamentos, das instituições sociais e políticas entre outros. As ciências exatas utilizam métodos axiomáticos (conjunto de termos primitivos que são utilizados como ponto de partida e demonstração de objetos). As ciências naturais utilizam o método experimental e hipotético. As ciências humanas, o método compreensivo-interpretativo. Quanto à filosofia, atualmente, possui quatro traços comuns aos diferentes métodos filosóficos, são eles:
  • Reflexivo – parte da auto-análise ou autoconhecimento do pensamento;
  • Crítico – investiga os fundamentos e condições necessárias para uma possível veracidade;
  • Descritivo – descreve a essência do objeto estudado e de seu campo de ação;
  • Interpretativo – busca adaptar as significações e sentidos à linguagem, ou vice versa.

    8. Pensamento mítico e pensamento lógico / Como o mito funciona.

    Século XVIII, surge a filosofia das ilustrações, século XIX, a filosofia da história de Hegel e o positivismo de Comte, afirmava-se que do mito à lógica era uma evolução do espírito humano, pertencendo o primeiro a cultura primitiva e o segundo a cultura racional.na verdade, o mito surge como uma necessidade, na época, de explicar os fatos e fenômenos em tribos ou civilizações de vocabulário e conhecimento limitados, onde o uso de metáforas e divindades ajudavam os líderes a manter a ordem em seus clãs e civilizações, mas, todo mito tem uma explicação lógica em caráter figurado. Isto é explicado pela antropologia e pela neurologia. Exemplo: o mito de Édipo, que relaciona os ancestrais deste e o próprio com pés ou modo de andar, fazendo alusão a gênese humana.

    O mito possui três características principais:

  • Função explicativa- a chuva seria as lágrimas de uma deusa que amou platonicamente, isto no passado, então se busca a explicação para tal mito;
  • Função organizativa – organiza as relações sociais. O mito de Édipo teve a finalidade de coibir o incesto;
  • Função compensatória – mostra que a natureza é sábia e justa, tanto pune, quanto premia, a depender do merecimento de cada um.

    9. Como funciona o pensamento conceitual.

    O pensamento conceitual opera por métodos, enquanto o mítico opera por bricolage (agregando o que é passado de geração em geração, como numa colcha de retalhos). Dessas diferenças resultam:

  • Conceito ou idéia não é imagem, mas descrição da essência, não podendo substituir as coisas, mas a compreensão intelectual delas, não sendo estas formas de participação e sim o resultado de uma análise;
  • Um juízo e um raciocínio não permanecem no nível da experiência, nem a organizam, sistematizam-na em relações racionais, tornando-a compreensível do ponto de vista lógico, buscando as causas universais,estudando e investigando a diferença entre a vivência subjetiva, pessoal e coletiva e os conhecimentos gerais e objetivos.

    A cosmogonia narrava a gênese através de metáforas que utilizavam as divindades, enquanto que a cosmologia a explicava através dos elementos da natureza (transformando-os para dar origem aos homens, e todo o universo) . Aristóteles sistematizou este último na ciência sobre a matéria, a Física, relacionando tudo ao movimento, kinesis, que significa toda mudança qualitativa, quantitativa, mudança de lugar, toda geração ou toda morte, uma constante dinâmica.As causas para estes movimentos ocorrerem são:

  • Causa material – composição material do objeto (madeira, pedra e etc) ;
  • Causa formal – forma que o objeto possui (mesa, cadeira e etc);
  • Causa motriz – o que ou quem dará a forma à matéria (o escultor, o carpinteiro);
  • Causa final – motivo ou finalidade para a qual a coisa existe.